Nativas Feministas Comem Tofu

Coisa Preta disponibiliza aqui este texto de Margaret Robinson que traz uma releitura ecofeminista e póscolonial das lendas Mi’kmaq como base para um veganismo indígena. Confira o texto abaixo ou baixe a versão em PDF.

Nativas Feministas Comem Tofu

Margaret Robinson

Nativas Feministas Comem Tofu
Margaret Robinson

Este texto propõe uma leitura ecofeminista pós-colonial das lendas Mi’kmaq como base para uma dieta vegana enraizada na cultura indígena¹. Tal projeto se depara com duas barreiras significativas. A primeira é a associação entre veganismo e branquitude.

Drew Hayden Taylor descreveu se abster de carne como uma prática de pessoas brancas (Taylor 2000a, 2000b). Em uma piada no começo de seu documentário, Redskins, Tricksters and Puppy Stew, ele faz a pergunta: “Como você chama um Nativo vegetariano? Um caçador muito ruim.” O ecologista Robert Hunter (1999) descreve as pessoas veganas como “eco-jesuítas” e “fundamentalistas vegetarianas”, que “forçam indígenas a fazer coisas do modo do homem branco” (p. 100-113). Ao projetar o imperialismo branco nas pessoas veganas Hunter legitima as onívoras brancas a se conectarem com as Nativas através do hábito de comer carne. Em Stuff White People Like, o autor satírico Christian Lander (2008) retrata o veganismo como uma tática para manter a supremacia branca. Ele escreve: “Como com muitas atividades das pessoas brancas, ser vegana/vegetariana permite com que elas sintam como se estivessem ajudando o meio ambiente e lhes dá uma forma meiga de sentirem superiores às outras” (p. 38).

Quando o veganismo é construído como uma coisa das pessoas brancas, aquelas pessoas das Primeiras Nações que escolhem uma dieta sem carne são retratadas como se estivessem sacrificando sua autenticidade cultural. Isso apresenta um desafio para aquelas de nós que vêem nossas dietas veganas como compatíveis cultural, espiritual e eticamente com nossas tradições indígenas.

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